quarta-feira, 14 de maio de 2008

LICENCIADOS, DESEMPREGO E TRABALHO PRECÁRIO

Passaram anos a estudar, saíram da Universidade com um diploma e cheios de sonhos e expectativas, mas a dura realidade do mercado de trabalho faz com que tenham que adiar o futuro.

Os empregadores oferecem-lhes estágios não remunerados ou trabalhos precários. Muitos, passam anos a recibos verdes ou em contratos a seis meses. E nem um bom currículo é garantia de encontrar um emprego «a sério». Sem estabilidade, vão esperando até comprar casa e constituir família, continuam a depender dos pais, sem saber quando essa espera vai terminar.

Durante esta semana, o PortugalDiário conta-lhe algumas histórias de jovens licenciados em luta por um emprego.

Esta quarta-feira damos a conhecer o caso de Tiago Baptista e Tatiana Oliveira, um jornalista e uma psicóloga, dois recém-licenciados à procura do primeiro emprego. Os empregadores pedem-lhes experiência que ainda não tiveram tempo, nem oportunidade de adquirir. As únicas propostas que recebm são para estágios mal remunerados. «Fica mais barato não trabalhar», garantem.

Na terça-feira, conhecemos o caso de Margarida, uma arquitecta que decidiu «bater o pé», depois de anos de trabalho precário e propostas de emprego «indecentes».

Demos a conhecer, na segunda-feira, história de Bruno Almeida, um portuense, licenciado em Economia há quatro anos, obrigado a viver com «pouco mais de 11 euros por dia de subsídio de desemprego».

Na quinta-feira, contamos-lhe a história de um jornalista que vende flores. Enquanto não arranja emprego, Hugo Martins está a fazer um mestrado e ajuda os pais no negócio da família. O que quer mesmo é ser jornalista, mas este sonho parece difícil de realizar.

Na sexta-feira publicamos a última história. Andreia Arezes não está desempregada... hoje, mas amanhã não sabe como será. É arqueóloga e trabalha há seis anos a recibos verdes: três meses aqui, dois meses ali, assim tem sido a vida desta jovem que chegou a ganhar um prémio por ter sido a melhor aluna do curso.

sábado, 15 de março de 2008

POR CADA 15 IMIGRANTES SAEM 100 PORTUGUESES

De 2000 a 2007, o número de portugueses a residir em Espanha passou de 41.997 para 94.581, explicou ao SOL a ex-dirigente dos Assuntos Consulares, e mulher de Manuel Alegre, estimando ainda em 250 mil o número de portugueses a trabalhar no Reino Unido.

No entanto, a questão dos números é problemática pois desde 2003 que o Instituto Nacional de Estatística (INE) não tem dados oficiais para divulgar sobre a situação. Naquele ano deixou de se fazer o Inquérito aos Movimentos Migratórios de Saída. «Este inquérito está em fase de reformulação», justificou ao SOL fonte oficial do INE.

Os últimos dados são, por isso de 2003 e apontam apenas para a saída, nesse ano, de 27 mil portugueses. Em contrapartida, sabe-se, com segurança, que as remessas dos emigrantes não param de crescer. Em 2007, entraram em Portugal 7,3 milhões de euros por dia.

Para conseguir ter um retrato das Comunidades Portuguesas no Estrangeiro, Mafalda Durão Ferreira teve de socorrer-se de dados de várias entidades, como os Consulados Portugueses, a Organização Mundial do Trabalho, a ONU, o INE e um artigo da investigadora Helena Rato.

«Há uma visão economicista e a preocupação resume-se ao dinheiro que entra, mas se a ligação com o país é perdida pelas novas gerações, perdem-se também as remessas», explica Helena Rato, para quem o conhecimento dos dados é fundamental e tem sido muito descuidado nos últimos anos.

Sente-se, por exemplo, uma ligeira viragem no perfil do emigrante, com a saída de pessoas mais qualificadas. Mas essa percentagem continua a ser ínfima no total de emigrantes que «apenas querem ganhar dinheiro e se submetem a trabalhos que não fariam em Portugal», explica o padre Pedro Rodrigues, que está há mês e meio numa paróquia de Londres. «Todos os dias chegam pessoas vindas de regiões que até nem era normal procurarem Inglaterra, como o Alentejo», conta.

segunda-feira, 3 de março de 2008

SABEM COMO É QUE OS NÚMEROS DO DESEMPREGO NÃO SÃO MAIS ALARMANTES?

Só em Espanha já estão mais de cem mil portugueses a trabalhar. É verdade que o mercado de trabalho se tornou contingente em toda a Europa e que a protecção social e o emprego seguro existem cada vez menos.

É verdade tudo isso mas Portugal é o pior e todos n´so temos que ter essa consciência.

Só no último ano (2007), número de portugueses a trabalhar em Espanha aumentou mais de 40 por cento.

É do Minho e de Trás-os-Montes que saem mais pessoas à procura de trabalho.

Já não bastava muitos portugueses terem que nascer espanhóis pelo fecho das maternidades no interior.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

SEDES ALERTA PARA CRISE SOCIAL DE CONTORNOS DIFICEIS DE PREVER

Sente-se em Portugal “um mal estar difuso”, que “alastra e mina a confiança essencial à coesão nacional”. Este mal-estar e a “degradação da confiança, a espiral descendente em que o regime parece ter mergulhado, têm como consequência inevitável o seu bloqueamento”.
Este é um dos muitos alertas lançados pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) - uma das mais antigas e conceituadas associações cívicas de Portugal –, num documento hoje concluido e dirigido ao país.
Para a SEDES se essa espiral descendente continuar, “emergirá, mais cedo ou mais tarde, uma crise social de contornos difíceis de prever”. Esta tomada de posição é uma reflexão sobre o momento que Portugal vive, com a associação a manifestar o seu dever de ética e responsabilidade para intervir e chamar a atenção “para os sinais de degradação da qualidade de vida cívica”.
Principais visados: o Estado, em geral, e os partidos políticos, em particular.E para este “difuso mal estar”, frase que o pilar de todo o documento, a SEDES centra-se em algumas questões: degradação da confiança no sistema político; sinais de crise nos valores, comunicação social e justiça; criminalidade, insegurança e os exageros cometidos pelo estado.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

IRRITAÇÃO DE SÓCRATES É SINAL DE FIM DE CICLO

O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, afirmou que a reacção do secretário-geral do PS e primeiro-ministro à manifestação de professores frente à sede do PS, sábado, «é um sinal de intolerância que marca o fim de um ciclo», noticia a Lusa.

À entrada para uma reunião na sede nacional do PS no Largo do rato, em Lisboa, José Sócrates foi surpreendido por dezenas de manifestantes à porta do edifício, que afirmaram ter sido convocadas para o protesto através de mensagens de telemóvel de origem não identificada.

O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, considerou a manifestação «absolutamente lamentável» e afirmou que se tratavam de «militantes de outros partidos», sem no entanto especificar quais.

«O primeiro-ministro vê comunistas em tudo o que é esquina. Deus nos livre que estas manifestações em Portugal, um pouco por todo o lado, fossem sempre de comunistas», afirmou hoje o presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, à margem de um encontro com condóminos em Gaia.

«São comunistas, centristas, sociais-democratas e pessoas do Bloco de Esquerda que estão completamente revoltadas e não se revêem num primeiro-ministro que pura e simplesmente afirma de uma forma autista a sua vontade mas não as suas políticas», argumentou.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

VOZ DO OPERÁRIO CRITICA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO



A Voz do Operário comemora 125 anos esta sexta-feira com uma campanha sobre o lema «solidariedade com a Voz do Operário» para consciencializar a sociedade e o Ministério da Educação da acção e problemas desta sociedade.

Na conferência de imprensa de apresentação do programa das comemorações, António Modesto, presidente da direcção da Voz do Operário, começou por lembrar que o Ministério de Educação, por «questões burocráticas e administrativas», suspendeu em 2003 os apoios às despesas de ensino das famílias carenciadas, provocando um prejuízo de oitocentos mil euros para a associação.
António Modesto admite que a Voz do Operário tenta reformular os contratos com o Ministério da Educação mas a «resposta é nula», o que poderá levar à «anulação das actividades da Voz do Operário nalgumas áreas de trabalho».
«A actividade da Voz do Operário é para o bem da sociedade» reforça o presidente da direcção da instituição salientando que «o Ministério da Educação está numa atitude de cegueira que conduz à asfixia da Voz do Operário».
A campanha «solidariedade para com a Voz do Operário» visa por isso arrecadar quinhentos mil euros para remodelar e modernizar as infra-estruturas da associação.António Modesto diz que não se trata de «pedir esmola» mas sim de captar a «atenção e asolidariedade» da sociedade para vencer a falta de apoios do Ministério da Educação.
A Voz do Operário comemora 125 anos e, actualmente, tem uma importante função educativa dando instrução a 457 crianças e jovens, mas também de solidariedade social para com idosos e doentes fornecendo-lhes momentos de lazer e um acesso fácil à saúde.As comemorações dos 125 anos iniciam-se às 10h00 do dia 13 de Fevereiro com a venda de jornais com informações relativas à história, a associação e a sua actividade educativa, social e cultural.
No mesmo dia, às 18h30, haverá uma sessão solene presidida pelo Presidente da República Jaime Gama que contará com uma homenagem à Fundação Calouste Gulbenkian, representada por Rui Vilar, pelo seu papel social e apoio prestado à Voz do Operário no financiamento da remodelação dos espaços.
As comemorações continuam Sábado, dia 16 de Fevereiro às 20h00 com um jantar de solidariedade e convívio musical onde a vida da Voz do Operário é representada pelos vários alunos das escolas desta associação.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

SÓCRATES O PROJECTISTA

Sobre mais uma polémica levantada sobre a ética e legitimidade de José Sócrates para assinar projectos que não são de sua autoria, este artigo de opinão de João Miranda, do DN, é bastante ilustrativo.

Reza assim:

De acordo com o jornalista António Cerejo, do jornal Público, José Sócrates assinou, ao longo dos anos 80, projectos de engenharia realizados por outros técnicos. A prática não é, por si só, ilegal ou eticamente reprovável. Nos anos 80, José Sócrates era engenheiro técnico qualificado para assinar projectos de engenharia. O técnico que faz o projecto não tem de ser necessariamente o técnico que o assina. São normais situações em que um técnico não qualificado em formação trabalha em colaboração com um técnico qualificado que o orienta. A função do técnico não qualificado é a de executar o projecto sob orientação, a do técnico qualificado é a de verificar e corrigir o trabalho inicial e a de aprovar a versão final do projecto. A responsabilidade sobre o projecto é sempre do técnico qualificado.
Mas o caso é um pouco mais picante. De acordo com António Cerejo, Sócrates terá assinado projectos de colegas qualificados para os assinar, mas legalmente impedidos de o fazer. Os verdadeiros autores dos projectos eram técnicos da Câmara da Guarda. A lei impedia-os de assinar projectos por boas razões. Enquanto técnicos da Câmara da Guarda eles participavam nos processos de aprovação e de fiscalização.
O impedimento tinha dois objectivos. Por um lado servia para evitar esquemas de corrupção. Se quem aprova e fiscaliza os projectos pudesse ser ao mesmo tempo fiscal e projectista, poderia usar a sua posição de fiscal para favorecer o seu negócio de projectista. Por outro la-do, o impedimento servia para garantir a integridade do processo de fiscalização.
Se o fiscal fosse ao mesmo tempo o projectista, o processo de fiscalização ficaria comprometido, porque o fiscal estaria numa situação de conflito de interesses ao fiscalizar o seu negócio de projectista. Neste caso, a assinatura de um projecto por outro que não o seu autor levanta graves problemas éticos. Vinte anos depois, José Sócrates poderá ser desculpado pela ingenuidade ou por tudo se ter passado numa época menos exigente. Mas a sua autoridade enquanto primeiro-ministro fica debilitada.